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Escritor, psicólogo, jornalista e professor da Universidade Federal Fluminense. Doutor em Literatura pela PUC-Rio, Pós-Doutor em Semiologia pela Université de Paris/Sorbonne III e ignorante por conta própria. Autor de doze livros, entre eles três romances, todos publicados pela ed. Record. Site: www.felipepena.com

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Comentário sobre o novo livro do Carrascoza

Espinhos e alfinetes

Os onze contos reunidos neste volume confirmam o gosto pela carpintaria estilística presente na literatura de João Anzanello Carrascoza. Entretanto, ao contrário de outros escritores contemporâneos, Carrascoza não tem na construção linguística o único objetivo de sua narrativa. Embora a preocupação com linguagem ocupe grande parte da obra, seu foco principal ainda é na precariedade da condição humana.

Este é o quinto livro de contos do autor, que também escreve para o público infanto-juvenil. Aliás, tal atividade parece ter forte influência nas histórias de Espinhos e Alfinetes, pois o olhar sobre a infância está presente em quase todos os textos. Carrascoza carrega na dramaticidade das relações entre pais e filhos de maneira poética, através de um encantamento peculiar, que é, ao mesmo tempo, sensível e preciso: “O pai voltou à sala, abotoado em seus silêncios. O menino sabia que era hora de não perturbá-lo, de só admirá-lo a ponto de se esquecer dele, num falso esquecimento”

Os contos de Carrascoza estão repletos de lirismo, mas não de sentimentalismo. Com muita habilidade, o autor consegue se equilibrar entre o ambiente onírico da fantasia e a dura percepção da realidade. Não seria exagero apontá-lo como um dos melhores contistas do país.