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Escritor, psicólogo, jornalista e professor da Universidade Federal Fluminense. Doutor em Literatura pela PUC-Rio, Pós-Doutor em Semiologia pela Université de Paris/Sorbonne III e ignorante por conta própria. Autor de doze livros, entre eles três romances, todos publicados pela ed. Record. Site: www.felipepena.com

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Carta de Lula para Collor em 2060 (Jornal do Brasil de sexta-feira, 31/7)

De Lula para Collor, em 2060

Querido Fernando,

Como vai a morte aí em embaixo? Rosane já se acostumou com o clima? Se tiver qualquer dificuldade é só me dizer. Tenho vários amigos morando na sua vizinhança. Eles me devem favores, não hesitarão em atender a um pedido meu, principalmente agora que inicio minha trajetória política aqui em cima.

Uma coisa posso te garantir: nunca antes na história do Paraíso um operário esteve tão próximo do poder. Na semana passada, organizei a primeira grande greve do sindicato dos santos. Foi um sucesso. Paramos todos os milagres, ninguém atendeu a uma oração sequer. A imprensa estava toda lá. O exército de arcanjos cercou o estádio, mas nós ficamos unidos.

O Francisco de Assis, que é líder da bancada da oposição, já me convidou pra fundar um novo partido junto com uns intelectuais de esquerda. O ditador aqui é muito poderoso, vive baixando decretos que Ele chama de mandamentos. Mas logo vamos restabelecer a democracia e acabar com a corrupção e o nepotismo.

É verdade que tem um pelego de nome Pedro que anda me boicotando. O cara tem medo de perder o lugar, coitado. Não sabe que a minha meta é ser chefe dele. Não tenho qualquer interesse no posto de intermediário. Estou pensando em oferecer a vaga de vice pra ver se ele para de me encher o saco.

Nos últimos dias, tenho pensado muito em você. Se estou aqui em cima é porque exercitei a virtude do perdão contigo. Se não fosse por aqueles acordos que fizemos em 2009, quando subi no teu palanque em Alagoas junto com o Renanzinho, não teria conseguido o visto para entrar no Paraíso. Obrigado, companheiro. Obrigado por me deixar perdoá-lo.

Tem visto o Sarney por aí? É outro a quem devo o meu lugar nestas nuvens abençoadas. Assim como te perdoei por ter exposto a minha filha fora do casamento na campanha de 1989, também perdoei o José por me transformar em seu avalista político durante o escândalo dos atos secretos no senado. Ele não é uma pessoa comum, merece toda a minha reverência. Vê se arruma uma boquinha pros parentes que forem chegando por essas bandas. O homem precisa.

O Franklin Martins está aqui do meu lado, corrigindo o que eu escrevo. Como não deixaram o Duda Mendonça entrar, é ele que cuida de tudo. O japa também foi barrado, assim como o Dirceu e o Palocci. Ainda não entendi por quê. Deve ser coisa desse tal de Pedro. Tenho certeza que o cara é agente do SNI, mas a Dilma e o Suplicy acham que ele é tucano mesmo. Já o viram cochichando com o FHC e o Serra em um jogo de tranca na casa do São Judas Tadeu.

Na semana que vem, vamos fazer um churrasco numa granja que o sindicato comprou ao lado dos Portões do Éden. A vista é uma beleza, mas você ia babar mesmo é com os jardins, que deixam a Casa da Dinda no chinelo. A construtora que fez a obra pertence a um sujeito que veio lá do Vaticano, um alemão de nome estranho cujo passatempo preferido é contar piadas antissemitas.

Só não te convido porque sei que a polícia federal não te deixaria entrar. Mas quem sabe eu vá te visitar um dia desses para comer uma pizza junto com o Renan, o Maluf, o Jáder, o ACM, o Cafeteira e outros companheiros queridos de quem sinto tantas saudades. Sei que o forno aí embaixo é muito bom e os pizzaiolos são os melhores do universo.

Um abraço de paz e amor,

Luís Inácio


Felipe Pena é jornalista, escritor e professor da Universidade Federal Fluminense. Doutor em Literatura pela PUC e autor do romance “O analfabeto que passou no vestibular”.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Programação da Bienal do Livro


Sábado, dia 19 de setembro:
  • 12 h: Mesa "Literatura e Entretenimento", no Café Literário. (com André Vianco e Luis Eduardo Matta)
  • 15h: Palestra no stand do Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro.
    Mantenho vocês informados.
    .

domingo, 26 de julho de 2009

Novo romance

Achei um título para o romance. Grande contribuição do prof. João Assafim, da UFRJ. Entrego os originais amanhã na editora. Obrigado, João.
"No romance, somos apresentados a uma mulher angustiada que busca a ajuda de uma terapeuta para salvar o casamento. Mas logo percebemos que a angústia é compartilhada por outros personagens, até mesmo os bem casados (ou principalmente estes). Então ocorre um crime. E os terapeutas farão o papel de investigadores. Quem é o culpado pela incomunicabilidade entre homens e mulheres? Uma questão que nem Freud foi capaz de resolver, embora passemos a vida atrás da resposta."

João Assafim – professor da UFRJ

sábado, 25 de julho de 2009

Programação completa do NP de Teoria do Jornalismo da Intercom

5 de setembro, das 9 h às 12h

-A decisão do STF sobre o diploma, o futuro da profissão e a consolidação da Teoria do Jornalismo.
Coordenador: Felipe Pena de Oliveira (UFF), Palestrante: Zelia Leal Adghirni (UnB), Luiz Gonzaga Motta (UnB),Palestrante: Carlos Eduardo Franciscato (UFS), Palestrante: Beatriz Alcaraz Marocco (Unisinos)

Dia 5/9 das 14 às 16h
- Subjetividades, complexidade e construção social da realidade no jornalismo

Coordenador: Felipe Pena de Oliveira (UFF), Expositor: Nicoli Glória De Tassis Guedes (UFMG), Expositor: Bruna do Amaral Paulin (PUCRS), Expositor: Eliza Bachega Casadei (ECA-USP), Expositor: Gisele Dotto Reginato (UFSM), Expositor: Karenine Miracelly Rocha da Cunha (ECA/USP), Expositor: Daiane Bertasso Ribeiro (UFSM)
Jornalismo e a realidade de segunda ordem: subjetividade à luz de Heinz von Foerster Karenine Miracelly Rocha da Cunha(ECA/USP)
Zero Hora 45 Anos – “Da construção da realidade a realidade da construção" Daiane Bertasso Ribeiro(UFSM), Maria Ivete Trevisan Fossá(UFSM)
Em busca da complexa simplicidade: dispositivos pedagógicos na revista Vida Simples Gisele Dotto Reginato(UFSM)
A Beatlemania nos EUA: Agendamento ou Acontecimento Midiático? Bruna do Amaral Paulin(PUCRS)
Para Além do Presente: a inserção do passado nas reflexões sobre o jornalismo Eliza Bachega Casadei(ECA-USP)
Jornalismo e Construção Social da Realidade: Uma reflexão sobre os desafios da produção jornalística contemporânea Nicoli Glória De Tassis Guedes(UFMG)

- 16h às 18:30h: As fronteiras entre informação e entretenimento no jornalismo
Coordenador: Leonel Azevedo de Aguiar (PUC-Rio), Expositor: Diego Pontoglio Meneghetti (UNESP), Expositor: Karin Cristina Betiati Reginaldo (UNIVEL), Expositor: Adilson Rodrigues da Nóbrega (EMBRAPA), Expositor: Daniela Maria Schmitz (UFRGS), Expositor: Patrícia Monteiro Cruz (UFPB)
Informar ou Entreter: questões sobre a importância e o interesse das notícias Leonel Azevedo de Aguiar(PUC-Rio) Assine Aqui: os Pactos de Leitura entre a Revista Elle e suas Leitoras Daniela Maria Schmitz(UFRGS) Discursos da vida real: articulações entre jornalismo e cotidiano na imprensa feminina Patrícia Monteiro Cruz(UFPB) A escalada da abstração das tecno-imagens do jornalismo Diego Pontoglio Meneghetti(UNESP) Coluna Zapping da Folha Online: frivolidade ou mera aparência? Karin Cristina Betiati Reginaldo(UNIVEL) Fábio de Melo, entre palco e altar: a imprensa brasileira e um novo olimpiano católico Adilson Rodrigues da Nóbrega(EMBRAPA)

6 de setembro

- 8h às 10h: O lugar de fala, a pauta e as estatísticas no discurso jornalístico

Coordenador: Leonel Azevedo de Aguiar (PUC-Rio), Expositor: Aldo Antonio Schmitz (UFSC), Expositor: Ana Claudia Silva Mielki (ECA/USP), Expositor: Denise Paro (UDC), Expositor: Milton Julio Faccin (Unesa), Expositor: Genilda Alves de Souza (FACASPER), Expositor: Rafael da Silva Paes Henriques (Ufes)
O lugar de onde se fala: o jornalismo e seus princípios fundamentais Rafael da Silva Paes Henriques(Ufes) A Manipulação dos Dados Estatísticos pela Mídia Impressa Genilda Alves de Souza(FACASPER) A Pauta em Mutação Aldo Antonio Schmitz(UFSC) Articulação da Memória Discursiva no Texto Opinativo Ana Claudia Silva Mielki(ECA/USP) A mídia critica a mídia: apontamentos de jornalistas sobre a cobertura na tríplice fronteira do Brasil, Paraguai e Argentina. Denise Paro(UDC), Sônia Cristina Poltronieri Mendonça(UDC) Jornalismo regional: em busca de leituras possíveis Milton Julio Faccin(Unesa)

- 10h às12:30: Avaliação de qualidade, reforma editorial e pesquisa no jornalismo

Coordenador: Felipe Pena de Oliveira (UFF), Expositor: Josenildo Luiz Guerra (UFS), Expositor: Carlos Eduardo Franciscato (UFS), Expositor: Victor Israel Gentilli (Ufes), Expositor: Emerson Urizzi Cervi (UEPG), Expositor: ANGEL RODRÍGUEZ BRAVO (UAB), Expositor: Roseméri Laurindo (Furb)
Notas sobre o desenvolvimento de pesquisa de avaliação de qualidade aplicada ao Jornalismo Josenildo Luiz Guerra(UFS) A Temporalidade Múltipla no Webjornalismo Carlos Eduardo Franciscato(UFS) Os primeiros mil dias: a reforma da Folha de São Paulo de 1975 a 1977 Victor Israel Gentilli(Ufes) Métodos Quantitativos na produção de conhecimento sobre jornalismo: abordagem alternativa ao fetichismo dos números e ao debate com qualitativistas Emerson Urizzi Cervi(UEPG) La implantación de un Sistema Iberoamericano de Control de Calidad para Productos Audiovisuales: propuestas metodológicas. ANGEL RODRÍGUEZ BRAVO(UAB) Autor-Jornalista e autor-marca como parâmetros do jornalismo e da publicidade para além do marco capitalista Roseméri Laurindo(Furb)

- 14h às 16h: O Jornalismo Literário e as narrativas além do lead
Coordenador: Felipe Pena de Oliveira (UFF), Expositor: Monica Martinez (UMESP/UniFIAMFAAM), Expositor: Mateus Yuri Ribeiro da Silva Passos (UFSCar), Expositor: Francilene de Oliveira Silva (UMESP), Expositor: suzana aparecida vier (ABJL), Expositor: Diana Paula de Souza (UFRJ), Expositor: Adélia Barroso Fernades (UniBH)
Jornalismo literário, humanização e polifonia: perfis da música erudita em piauí Mateus Yuri Ribeiro da Silva Passos(UFSCar) Programa Globo Rural: Um exemplo de Jornalismo Literário em mídias eletrônicas Monica Martinez(UMESP/UniFIAMFAAM) Visão Sistêmica de Jornalismo Literário sobre Meio Ambiente Francilene de Oliveira Silva(UMESP) Contribuições do Jornalismo Literário à Comunicação Sindical suzana aparecida vier(ABJL) Jornalismo e narrativa: uma análise discursiva da construção de personagens jornalísticos no seqüestro de Abílio Diniz e suas repercussões políticas Diana Paula de Souza(UFRJ) A emoção como argumento no jornalismo: estratégias discursivas do phatos na Folha de São Paulo Adélia Barroso Fernades(UniBH)

- 16h às 18h: Credibilidade, agendamento e controle no jornalismo
Coordenador: Leonel Azevedo de Aguiar (PUC-Rio), Expositor: Josemari de Quevedo (PPGCOM-UFRGS), Expositor: anelise silveira rublescki (UFRGS), Expositor: Fábio Antônio Flores Rausch (PUCRS), Expositor: Ericka de Sá Galindo (UFPE), Expositor: Rodrigo Dugnani (PUC-SP), Expositor: Maria da Consolação Resende Guedes (MG)
Jornalismo e Conteúdo Gerado pelo Usuário: uma Discussão sobre Credibilidade anelise silveira rublescki(UFRGS) Credibilidade jornalística - Uma compreensão teórica Josemari de Quevedo(PPGCOM-UFRGS) O caso Kliemann e a hipótese do agendamento entre o Diário de Notícias e a Última Hora Fábio Antônio Flores Rausch(PUCRS) Representações Sociais e Construção Social da Realidade: Teorias para entender o papel do jornalismo na cobertura do Judiciário Ericka de Sá Galindo(UFPE) A Análise de Discurso Crítica da Cobertura do Jornal O Estado de S. Paulo sobre a Previdência Social Brasileira Rodrigo Dugnani(PUC-SP), Bruna Lopes Fernandes(UNISO) Jornalismo popular-massivo: Quem é o leitor do Super Notícia Maria da Consolação Resende Guedes(MG)

- 16 às 18:30: Identidades jornalísticas: definidores primários, política e psicanálise.
Coordenador: Soraya Venegas Ferreira (UNESA), Expositor: Carlos Alberto de Carvalho (UFOP), Expositor: Bruno Souza Leal (UFMG), Expositor: MARIA ARGENTINA HÚMIA DÓRRIO (UTP), Expositor: Aline da Rocha Barbosa (UFF), Expositor: ROSANE MARTINS DE JESUS (UFC)
Violência Premiada: a Valorização da Imagem do Flagrante como Critério de Excelência no Prêmio Esso de Fotografia Soraya Venegas Ferreira(UNESA) Desafios na Utilização do Conceito de Acontecimento em Coberturas Jornalísticas sobre Homofobia Carlos Alberto de Carvalho(UFOP) Reflexões sobre o agendamento: síntese de um estudo de caso Bruno Souza Leal(UFMG) Análise da Atualidade da obra 'Conselhos a um Jornalista", de Voltaire: O queé um Jornalista? MARIA ARGENTINA HÚMIA DÓRRIO(UTP) Os Discursos Terapêuticos na Imprensa a partir da Teoria dos Definidores Primários Aline da Rocha Barbosa(UFF), Letícia Silva Queiroz(UFF) O Espetáculo como Manchete: Da Candelária, uma multidão pede eleições diretas para Presidente do Brasil ROSANE MARTINS DE JESUS(UFC)

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Comunicação é Ciência ? (Editorial da Revista Contracampo nº 19)

A cada nova edição da Contracampo questiono os objetivos das publicações acadêmicas em nossa área e, consequentemente, o próprio papel dos pesquisadores que nela publicam. Por que alguns insistem em chamar de ciência um campo cujas reflexões se aproximam muito mais da arte? Até que ponto os critérios balizados pela Capes e CNPQ se aplicam à Comunicação? As revistas não deveriam ter uma interlocução maior com setores de fora da universidade? Quem, de fato, lê o que publicamos? Por que utilizamos uma linguagem pomposa e hermética se o que queremos é, em última instância, comunicar os resultados de nossas pesquisas?

A maioria de nós leciona em programas de pós-graduação de universidades públicas, o que nos obriga a ter um nível mínimo de produção e a posterior veiculação em revistas indexadas. Este sentido pragmático talvez nos impeça de dar mais atenção às questões acima, mas creio que não podemos deixar de abordá-las. Da mesma forma, sei que há um grande esforço para consolidar o campo como área de conhecimento, capitaneado por nossos mais experientes professores, o que merece todos os elogios e louvações. Entretanto, empreender um trabalho questionador é uma forma de enriquecer esse mesmo esforço e não de inviabilizá-lo.

Já ouvi críticas a estes questionamentos sob o argumento de que não passam de um reducionismo, uma visão limitada de nossa ampla produção. Para tal argumento tenho duas respostas. Primeiramente, basta uma consulta quantitativa às principais publicações da área para ver que a maioria dos textos têm caráter ensaístico-teórico, e nem mesmo a maior parte daqueles que se propõem empíricos apresenta dispositivos propriamente “científicos”, seja no sentido das refutações de Popper, das induções de Bacon ou de qualquer outro método que mereça tal epíteto .

Em segundo lugar, se estou sendo reducionista, esta é a natureza de minha própria argumentação, que é teórica, levanta uma hipótese. Se vou teorizar sobre determinado assunto, significa que quero enquadrá-lo sob um ponto de vista específico. Mesmo que para isso utilize os mais diversos conceitos e as mais diversas metodologias. Ao final, meu trabalho acaba sendo reduzir os tais conceitos e as tais metodologias aos limites do próprio quadro teórico que proponho.

Então, para que produzir teorias nas mais diversas áreas do conhecimento? Resposta: para aprofundar o conhecimento sobre elas. Por mais paradoxal que pareça, reduzir também é ampliar. Quando faço um recorte sobre um tema, meus métodos de análise promovem questões que podem servir para incentivar a criação de outros métodos, que vão produzir novas questões e assim por diante. A pertinência de qualquer debate está nas perguntas, não nas respostas.
Com tal intenção, rabisquei as linhas acima. Provavelmente, incorro nos mesmos erros que aponto, mas espero contribuir para ampliar as discussões sobre o assunto. Nas páginas da Contracampo 19, o leitor encontrará textos ligados às mais diversas orientações teóricas. Todos merecem a sua atenção.

Boas reflexões!

sábado, 18 de julho de 2009

Entrevista sobre a Literatura Brasileira

1. Em que aspectos a atuação acadêmica/universitária pode estar sendo nociva à leitura e à literatura?
Como disse na entrevista ao Globo, são os mestres e doutores que prejudicam a formação de um público leitor no país. A linguagem da academia é produzida como estratégia de poder. Quanto menos compreendidos, mais nossos brilhantes professores universitários se eternizam em suas cátedras de mogno, sem o controle da sociedade. As teses e dissertações seguem regras rígidas justamente para garantir essa perpetuação de poder. E isso se reflete na literatura.


2. Qual a responsabilidade dos escritores brasileiros nisso?
A literatura brasileira contemporânea é elitista e pretensiosa. Os autores (estou generalizando de propósito) não se preocupam com o principal, que é contar uma história. Alguns livros nem história têm, limitando-se a jogos de linguagem, cujo único objetivo é enaltecer um suposto brilhantismo intelectual. E os escritores reclamam que não são lidos. Não são lidos porque são chatos, herméticos e bestas.


3. O que não quer dizer que não sejam boa literatura?
Exatamente. Nunca disse que não eram boa literatura. Só não são acessíveis. Eu leio esses autores, mas tenho doutorado em Literatura. E tenho que me esforçar para ler. Aliás, isso é parte do problema: a academia e uma elite leitora convencionaram que só tem valor aquilo que está na elipse, que força você a encontrar sentido onde poucos conseguem enxergar. Por essa premissa, o que é fácil de ler não tem valor literário. E quem discorda dela é taxado de superficial.


4. Como você vê o momento atual de nossa literatura?
Com a preocupação expressa na resposta anterior. Mas sei que há exceções e, por isso, sou um otimista. O paradigma do biscoito fino é uma falácia de quase cem anos na cultura deste país. É o argumento da exclusão. São os brioches da nossa literatura, difundidos pelas Marias Antonietas encasteladas na linguagem empolada do hermetismo. Mas a guilhotina vai chegar.

5. O que pode ser feito para melhorar o quadro?
Criar um grupo do meio na literatura nacional. Algo entre a chatice dos experimentalismos de linguagem e o extremo oposto das narrativas mal elaboradas. Precisamos valorizar escritores que escrevam para um público mais amplo, mas que também tenham preocupações com a boa escrita. Em suma, que sejam capazes de elaborar enredos ágeis, escritos com simplicidade e fluência. Que contribuam para a formação de um público leitor no país.


6. Qual é a sua contribuição pessoal nesse sentido da melhoria e do aperfeiçoamento de nossas letras?
Isso é o leitor que vai dizer. Os quatro primeiros capítulos do meu romance, que é uma ficção jornalística, estão disponíveis no site www.felipepena.com E o próximo lançarei em março.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Resenha de Deonísio da Silva sobre Jornalismo Literário

Felipe Pena é conhecido da Galáxia Gutenberg e da mídia por trabalhos importantes na área do Jornalismo e da Literatura. Ousado nos temas, inventivo no modo de desenvolvê-los, está sempre atento às ligações perigosas que o texto mantém com a sociedade.


Autor de vários livros, volta agora com Jornalismo Literário (Editora Contexto, 142 páginas) trazendo à reflexão suas costumeiras obsessões, desta vez, porém, num texto ainda mais leve, que começa com a referência a uma narrativa esclarecedora dos seus propósitos: um jornalista visita o Céu e o Inferno. Nos dois lugares os habitantes têm os cotovelos invertidos. No Inferno, todos morrem de fome porque “não podem levar a comida até a boca”. No Céu, vivendo idêntica situação, “ninguém morre de fome, porque cada um leva a comida à boca do próximo”.

Utilizando a fábula, discorre sobre a urgente solidariedade, dizendo do Jornalismo: “o que deveria ser uma profissão ligada às causas da coletividade vem se transformando, salvo boas e raras exceções, em palco de futilidades e exploração do grotesco e da espetacularização”.

Mas se o verdadeiro Jornalismo é outro, onde está? “Os jornalistas sérios, comprometidos com a sociedade, têm seu espaço reduzido e buscam alternativas. O Jornalismo Literário é uma delas”.
Ele aborda, sem medo, temas complicados. A celebridade, ao ter a casa assaltada, primeiro chama a revista de fofocas e depois a polícia. A violência urbana, tragédia de nossa vida contemporânea, torna-se insumo para a sobrevivência da fama sustentada por banalidades. Vítima e mídia permutam a reificação de profissionais, reduzidos a manipular a desgraça alheia, sem o mínimo propósito social.

Uma das conquistas burguesas foi separar as esferas da vida pública e da vida privada. Mas quando o programa de televisão “flagra” a celebridade dormindo em seu quarto, há uma perigosa cumplicidade, cujos desdobramentos podem ser perigosos.
E que dizer quando outra é a violação e de nada valem os desmentidos de suspeitos ou caluniados, já que a mídia freqüentemente inverte o preceito jurídico ordenador da vida civilizada, levando leitores incautos a achar que, em vez de os acusadores provarem a culpa, são as vítimas que devem provar sua inocência?

Felipe Pena, ainda que durante muitos anos “emparedado nas regras da objetividade da imprensa diária”, concilia como poucos a literatura e o jornalismo. Atrapalho para tantos outros, o doutorado em literatura deu-lhe sólida base teórica para suas reflexões.
Deonísio da Silva - professor, doutor em literatura e escritor, autor de 20 livros

quarta-feira, 15 de julho de 2009

A entrevista para o Prosa & Verso do Globo

(por Miguel Conde)
Professor da pós-graduação em Comunicação da UFF, ex-subreitor da Estácio de Sá, o jornalista Felipe Pena estréia na ficção criticando o ambiente em que tem transcorrido sua vida profissional: a universidade brasileira. "O analfabeto que passou no vestibular" (7 Letras) é anunciado como um romance-denúncia sobre o ensino superior em nosso país, e nesta entrevista Pena critica tanto a mercantilização do saber nas instituições privadas quanto a obscuridade da linguagem usada em cursos prestigiados. Um hermetismo, diz, que se faz presente também na literatura brasileira contemporânea, segundo ele chata e besta.

Esse livro, para você, é basicamente um meio de levantar uma discussão sobre o ensino universitário brasileiro, ou você tem também ambições literárias, espera ser reconhecido como escritor?

Não tenho pretensões literárias com este livro nem com o próximo, que está quase pronto. Não faço literatura, faço ficção. A literatura brasileira contemporânea presta um desserviço à leitura. Os autores não estão preocupados com os leitores, mas apenas com a satisfação da vaidade intelectual. Escrevem para si mesmos e para um ínfimo público letrado, baseando as narrativas em jogos de linguagem que têm como único objetivo demonstrar uma suposta genialidade literária. Acreditam que são a reencarnação de James Joyce e fazem parte de uma estirpe iluminada. Por isso, consideram um desrespeito ao próprio currículo elaborar enredos ágeis, escritos com simplicidade e fluência. E depois reclamam que não são lidos. Não são lidos porque são chatos, herméticos e bestas.

Após fazer mestrado e doutorado em Literatura Brasileira, não tenho dúvidas de que são os mestres e doutores que prejudicam a formação de um público leitor no país. A linguagem da academia é produzida como estratégia de poder. Quanto menos compreendidos, mais nossos brilhantes professores universitários se eternizam em suas cátedras de mogno, sem o controle da sociedade. As teses e dissertações seguem regras rígidas justamente para garantir essa perpetuação de poder. E isso se reflete na literatura.

Enfim, tento seguir na direção contrária. Escrevo para ser lido, o que parece ser um pecado mortal no sacro universo de nossa literatura. E, como conseqüência da leitura, é que proponho algumas discussões. Em "O analfabeto que passou no vestibular", não é só a qualidade do ensino superior que pretendo colocar em pauta, mas o próprio papel da universidade e dos professores universitários. Entretanto, talvez a questão mais importante esteja na própria linguagem. Acredito que precisamos de livros de ficção que sejam acessíveis a uma parcela maior da população. E isso não significa produzir narrativas pobres ou mal elaboradas. Escrever fácil é muito difícil.


Seu livro é anunciado como um romance-denúncia sobre a decadência do ensino universitário no Brasil. Por que você quis fazer um romance e não a denúncia, simplesmente?


A ficção fala mais sobre a realidade do que a própria realidade. Ela é perene, não serve para embrulhar o peixe no dia seguinte. Regularmente, diversas pessoas denunciam a decadência do ensino universitário no Brasil. São alunos, professores, pais e até congressistas. Basta abrir os jornais e ver os indicadores do MEC, os resultados das provas da OAB e as avaliações do INEP. O que adianta? As discussões duram no máximo alguns dias e depois se perdem. Esse é o tempo da mídia. A imprensa esgota o assunto rapidamente, pois outras pautas se impõem. É da sua natureza.


Com o livro é diferente. Daqui a dez anos alguém ainda poderá levantar a discussão. Além disso, a ficção fornece pistas sobre comportamentos, levanta discussões sobre detalhes que passam despercebidos e aguça a imaginação, o que é sua característica mais importante. Por exemplo: a reforma universitária está em tramitação no Congresso Nacional. Se um deputado em Brasília tiver interesse em ler ficções sobre universidades pode encontrar um material incomum para criar soluções imaginativas e não apenas burocráticas ou paliativas. Como diria o Manoel de Barros, noventa por cento do escrevo é invenção. Só dez por cento é mentira.


Sua experiência em universidades privadas te deixou pessimista quanto à expansão do ensino superior no país? Que episódios te levaram a constatar essa decadência?


Os episódios estão descritos no próprio livro e foram retirados de jornais. Eu ficcionalizo fatos que saíram na mídia. Invento enredos a partir de outros que já foram veiculados na imprensa. O problema é que nossa realidade é inverossímil mesmo. Como explicar para um estrangeiro que um analfabeto passou no vestibular? Ou como explicar o próprio vestibular, um concurso que dá aos ricos acesso ao ensino universitário gratuito, deixando para os pobres a opção de pagar ou não estudar?


Quero que fique bem claro que não sou contrário à expansão universitária nem ao ensino privado. O que me incomoda é a mercantilização, que se intensificou absurdamente nos últimos anos com a abertura de capitais das universidades, que agora lançam ações na Bolsa de Valores. Eu esperava que a entrada de dinheiro melhoraria as condições de ensino, mas não foi o que aconteceu. Em vez disso, prevalece a lógica do corte de custos para aumentar os lucros. Isso significa turmas com mais alunos, demissões de professores e quebra de pré-requisitos para otimizar as salas de aula. Imagine um aluno de engenharia que cursa Cálculo II antes de fazer Cálculo I. Que tipo de ponte ele vai construir? E o pior é que nós é que vamos atravessar essa ponte.


No Brasil, as universidades particulares baseiam suas receitas exclusivamente nas mensalidades, o que é um erro fatal e principal causa dessa distorção. A solução seria investir na pesquisa, fazer parceria com grandes empresas e receber royalties. Isso iniciaria um ciclo vicioso positivo. Mais pesquisas, melhores pesquisadores, melhores, professores, melhores alunos. E, conseqüentemente, mais investimentos. Infelizmente, os acionistas querem o caminho mais rápido, não pensam a longo prazo.


Mas eu sou um otimista. Acho que essa realidade ainda pode mudar. Assim como também pode mudar aquilo que nossos doutores chamam de Literatura.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

O analfabeto que passou no vestibular




Esta é a capa do livro que lancei em outubro do ano passado. Acabo de finalizar um novo romance. Entrego para a editora no final do mês. O lançamento será em março.

A FLIP esqueceu do coitado

Tão difícil quanto pronunciar paralelepípedo é encontrar um autor brasileiro de ficção na lista dos dez mais vendidos. Se você não é mago, pesa menos de cento e trinta quilos e está longe de compor a trilha sonora de sua geração, esqueça: seu destino é perpetuar o ciclo de minúsculas tiragens do romance nacional. No máximo, três mil exemplares e algumas resenhas feitas por amigos que dividem o chope no bar da esquina. E, é claro, as posteriores lamentações por não ser conhecido do grande público.
São uns ignorantes, você dirá. Incapazes de entender sua proposta temática e penetrar no brilhante jogo de linguagem com o qual conduziu a obra. E jogará os mesmos paralelepípedos que não consegue pronunciar nesses bárbaros incultos, torcendo para que rachem suas cabeças limitadas. Vender é uma heresia. Quem precisa de público? Leitores pra quê? Quem gosta de platéia é foca amestrada. Você é um artista, um intelectual. Tem o reconhecimento da crítica e sempre é convidado para os principais festivais de literatura. Você é um sucesso. Até que...
Para seu espanto, o curador da Feira Literária Internacional de Paraty esqueceu de incluí-lo na programação. Não é possível, deve haver algum engano. Logo você que tem tanta intimidade com os paralelepípedos da cidade! Conhece-os pelo nome, pela tez! Só pode ser coisa daquela invejosa que criticou seu último livro! Minha filha, liga pra editora!
Você vê a lista de convidados na internet. Maria está na mesa de abertura: isso combina mesmo com ela, é uma coadjuvante. João participa do debate de sexta à noite: vai ficar vazio, todo mundo bebendo nos bares. Meu Deus, Jorge está no horário nobre! Só porque ganhou o prêmio da tartaruga no ano passado? É um absurdo! E se esquece de que ganhou o mesmo prêmio no ano anterior, motivo pelo qual foi convidado para o evento.
Prossegue na digestão da lista. O estômago arde, a boca resseca, o fígado desapareceu. Andréa vai falar no sábado? Só porque vendeu dez mil exemplares daquele livrinho de memórias disfarçadas? Leitor sério não se interessa por isso. A crítica destruiu essa garota. Aninha também está na mesa? Mas essa é ainda mais nova! Onde vamos parar? E ainda tem o Sandro, o Rui e o Chico. O Chico? Quem é esse tal de Chico? Alguém me diz quem é o Chico, por favor!!!
Você se desespera. Dá um soco na tela do computador, bate com a testa no teclado. Outros ilustres desconhecidos aparecem como convidados de honra. Nunca ouviu nem ouvirá falar neles. São comerciais, escrevem fácil, agradam o público. Vendilhões do templo, não sabem nada de literatura. São como esses jornalistas que fazem ficção, reis da superficialidade.
Para você, a literatura é experimentação, é linguagem, é invenção. A história não tem a menor importância. Quem se importa com isso é leitor barato, sem erudição. Você sabe que a literatura é a única arte em que ainda permanece essa divisão entre erudito e popular. Em todas as outras há misturas, fronteiras híbridas. Melhor assim: mantém nosso feudo.
A linguagem acessível não é literatura. Contar uma história não é literatura. Só o que você faz é literatura. Mesmo que seja chato, hermético e besta. Não importa. Você escreve um livro e pergunta: tá vendo como sou genial? Tá vendo aquela passagem? Entendeu a minha sacada? Fui eu que fiz!
A história é só um detalhe. Seu nome na capa é o que importa. Mesmo assim, estanha que suas tiragens não passem dos três mil exemplares. Você faz como os outros, não é diferente. Segue a cartilha da crítica acadêmica, tem amigos na imprensa, frequenta as festinhas. Não dá pra entender. Por que só você ficou de fora da festa?
A resposta está no jornal. É o efeito flip. A feira literária projeta os escritores, faz aumentar as vendas, cativa o público, chama a atenção dos editores. Vinte mil pessoas passam pela cidade, pisam nos paralelepípedos, ouvem palestras, assistem a shows, participam de oficinas, compram livros. Mas você é contra tudo isso. Quer continuar com sua panela elitizada, na alta cultura, no umbigo sardento da erudição.
Eventos como a Flip mostram que a literatura não pode ser um clube de comadres. A participação do público e o interesse pelos escritores avalizam a idéia de que o texto é uma forma de expressão com potencial para atingir a sociedade no horizonte maior, sem se limitar a uma elite.
Mas você conhece os paralelepípedos e não vai se sujeitar a essa falsa democracia. Ainda bem que não foi convidado.

O diploma de gastronomia e os doutores do jornalismo

Meu nome é Felipe Pena. Sou jornalista, professor da Universidade Federal Fluminense, doutor em Literatura pela PUC-Rio, pós-doutor em semiologia pela Sorbonne e faço um risoto de frutos do mar muito apreciado pelos colegas da imprensa que frequentam a sala de jantar da minha humilde residência. A maioria insiste diariamente para que eu abra um restaurante, sugestão que nego com veemência, apoiado em um único argumento: não tenho formação adequada.
Perdoe-me pela sinceridade, mas se você achou que o primeiro parágrafo foi irônico é tão preconceituoso quanto os jornalistas que se indignaram com a fundamentação do ministro Gilmar Mendes ao derrubar a exigência de diploma para o exercício do jornalismo. Por que gritaram tanto ao ouvir a comparação entre jornalistas e cozinheiros? Por que se sentem superiores aos colegas da gastronomia? Por acaso somos melhores ou mais sofisticados? Talvez mais eruditos? Claro, nós lemos Balzac, Joyce, Proust, Foucault, Deleuze. Mas essa não é a bibliografia dos cursos de Letras ou de Sociologia?
Pela lógica da obrigatoriedade, passaremos a exigir o diploma de Letras para qualquer um que escreva romances ou se arrisque nas estrofes de um poema. Da mesma forma, só poderá exercer o pensamento crítico sobre a sociedade quem passar pelos bancos empoeirados das escolas de Ciências Sociais. Aliás, este epíteto – ciência - é parte do problema. Um problema que começa justamente na universidade.
Nossos doutores da Academia falam despudoradamente em Ciências da comunicação, mas onde está a ciência? Qualquer jornalista sabe que sua atividade está ligada a aptidões artísticas, ao bom e velho talento, a uma boa dose de coragem e, principalmente, à capacidade de se comunicar com o público. Claro que não é só isso: lidamos com técnicas específicas e com valores morais que afetam a sociedade. Mas isso também não é ciência e tampouco se aprende na universidade.
Então, para que servem as faculdades de jornalismo? A resposta é simples: para aprender a fazer um bom risoto. Se você tiver alguns professores acostumados com o manejo das panelas e outros bem informados sobre os temperos, talvez alcance o objetivo. Mas só vai completar o aprendizado quando chegar na cozinha e tomar uma bronca do chefe: o chefe de reportagem.
Infelizmente, o ambiente universitário contempla poucos professores interessados em gastronomia. Os pratos são servidos frios, não têm sabor. Falta pimenta e sobra chuchu na maioria das receitas. A Academia é um inverno de fome, mas é a vaidade dos cozinheiros que atrofia as glândulas gustativas.
Os professores somos corporativistas. O verbo é inclusivo porque a crítica não me isenta de culpa. Na universidade, principalmente nos cursos de mestrado e doutorado, utilizamos uma linguagem hermética – escondida sob o véu de ciência - como estratégia de poder para perpetuar nosso lugar nas cátedras douradas da Academia. O discurso é claro: se você não me entende é porque ainda não alcançou o meu nível, mas se estudar muito um dia chega lá. Não é de estranhar que nossos alunos se sintam superiores. Afinal, ninguém fala em epistemologia ou em hermenêutica nos cursos de culinária.
Sou favorável ao diploma de jornalismo, o que não significa defender a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão. Na introdução de um livro que publiquei em 2005 (Teoria do Jornalismo, Ed. Contexto), tinha uma opinião diferente, mas acho que precisamos rever nossas conclusões sobre o tema. Se eu fosse diretor de um jornal, daria prioridade aos profissionais formados nas boas escolas de comunicação (aquelas que têm cozinheiros talentosos), mas não excluiria sociólogos, advogados ou economistas, cujas habilidades podem ser úteis ao jornalismo.
Lá em casa, o risoto continuará a ser servido, mas o restaurante fica pra depois. Quando me formar em gastronomia, convidarei os amigos (se ainda os tiver) para ler o jornal que os garçons vão produzir. Só não sei se o editor-chefe será o sommelier ou o maître.
Bom apetite!